terça-feira, 19 de agosto de 2008

Os riscos de se dizer mundo a fora.

Esses dias me perguntaram sobre o sentido e as impicações de se dizer, de se contar ao mundo em sites, de se denunciar de forma tão publica, de prestar prova contra si mesma... como sempre faço e como tenho feito ao longo da minha vida, quando digo o que penso, sem escolher a quem.
E fiquei pensando... penso até agora, por qual motivos criamos poemas, cronicas, histórias, contos, romances, colagens? Tenho escolhido me expor. Será? Acho que devemos procurar nos escutar, nos dizer é uma forma de sistematizar o que se pensa, o que se sinte e o que se é. Escute seu coração ele deve te contar os segredos do invisivel e do indizivel....procure escutar... e evite entender... vai ajudar a clarificar sentidos e sentimentos. A busca pela compreensão racional dificulta o entendimento, os planos do acaso... o inviabilizam de forma definitiva. Hoje penso que não faz sentido... buscar sentido obvio e rápido... para aqueles que se dizem alto e forte... como diria o Drummond...
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?

Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.

Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.

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