sábado, 1 de julho de 2017

Caixas de Sapatos



Minha praça do povo
E de minha infância
Guardada nas caixas de sapatos
Do meu peito.

Enquanto contava carros
Contadores de viola
Faziam outras pregações
Em mim.

No brilho dos sapatos
Palavras e conselhos
Jogados ao vento.

Cheiros, cores e imagens
Transmitam tantas fomes
Nem lembro de quantas.

Quando por lá passo
Também minhas dores
Passam

Memórias dançam
Ainda sou menino
No meu tempo.
Mas hoje vejo o invisível
Ele me salta aos olhos.

Tudo dança
Todas as formas de viver
Atravessar, corroborar, romper
A lógica comercial deste nosso tempo.

Cores dissonantes
Dividem espaços e
Minhas sensações.

Teatro, metrô
Sexo e encontro
Amor e comércio
Corpos sutis
Vidas plenas e vazias.

Na grade feira do meu peito
Que nunca morre
Nem sucumbe.

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