terça-feira, 21 de julho de 2015

Joana, depois da França.

O primeiro encontro
Podia ter sido diferente.
Mas o primeiro encontro
É assim inesperado.
Não, não foi bom.
Ela não queria estar lá.
Estavam de lados opostos,
Ela se desagradava dele
E de tudo ao seu redor.
Era fevereiro ou março...
Meio carnaval... Meio começo de ano.

Ela o viu algumas vezes
Mas não queria vê-lo
Ele andava tão mal acompanhado,
Tudo ao redor dele era inóspito

O tempo deles, do encantamento,
Nutriu-se de gestos pequenos no mundo
Com cheiro de gente, tempo de chuva,
Fim de tarde, boca da noite,
Banda na rua, banheiras coloridas,
Palavras floridas de cotidiano
Luzes de natal, tapioca na praça,
Encontros e desencontros,
saudades sem motivo,
Das escadas ao salão,
Mãos dadas com o Drummond,
Abraços gratuito e afetivos.
Assim, um dia, deram-se conta,
Como na valsinha do Chico.

Um dia as palavras quizeram se ditas.
Tantas coisas, sensações,
Histórias, ideias para serem ditas.
Numa sexta-feira qualquer,
O mar, o fim, a brisa convidaram as mãos
Para o derradeiro encontro
Suave e intenso.

O encanto se encheu de coragem e audácia.
A sanidade se afastou.
A memória dele se infiltrava
Nas pausas do pensamento dela.

Quiseram regar, mas não era jardim,
Ainda que fosse belo.
Passado uns anos, eles não sabem nomear.
Talvez sem nome seja mais claro.
Sei que ainda se falam, se alegram.
E as vezes é um  alento, uma memória.
O bem querer e assim,
Sem base, nem motivo.
A memória nao nutre nem esquece.

No silêncio, na ausência,
Ainda nutrem beleza e vida.

Quando ela me conta,
Escuto tantas virgulas
Sei o quanto o seu olhar me diz.
Sei que não sei de nada,
E sei que é assim que é agora.

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