Cartas que nunca deveriam ser escritas
Declaração de amor.
Nem toda declaração
é boa, bonita ou feliz.
Mas é cheia de sensibilidade.
Amar é seguir
É deixar seguir
Nem sempre juntos.
A beleza do regozijo,
Da felicidade vivida,
Da verdade cultivada,
Do cuidado e do carinho
Das palavras desmedidas.
O cotidiano partilhado
Transparente e oculto,
Nos suspiros, no silêncio.
Sentir, a doçura da despedida
Necessária, aceita,
Mesmo sem ser.
Transcender, cada memória,
Cada palavra dita,
Cada gesto fortuito,
Cada segredo desvelado
Cada vã promessa
Plena de sentido.
A despedida,
O ato mais sincero
Do que fora verdadeiro
Dar fim a uma sangria
Que fez pulsar
O medo de morrer.
Eis a maior declaração
De humildade
Mantendo o que já fora luz
Vida e movimento.
E assim,
Não permitir
Que todo o vivido
Curto ou longo se esvaia
Como quem morre sozinho.
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