terça-feira, 29 de agosto de 2017

Flor do deserto

Amanheceu! fui ver o mar
E as ondas que batem dentro de mim
Entoar um novo canto.
No meio de flores
Bom dia! Beija flor,
Ninguém lá
Eu, flor do deserto.

Fui no intuito último
De encontrar
Suspiro entre argumentos,
Silêncio nas teimas,
Tons graves e baixos,
Sorriso perdido
No olhar e no trânsito
Que sou
Torpor!

Entro no mar que me inunda
A água é fria, meu corpo não.
O coração palpita,
Aquece o mundo e o dia
Mar adentro
Mar revolto, querendo serenar.

Aquele mesmo horizonte
Chama e afasta
Une e divide
Aurora e entardecer.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Cartas que nunca deveriam ser escritas

Declaração de amor.

Nem toda declaração
é boa, bonita ou feliz.
Mas é cheia de sensibilidade.
Amar é seguir
É deixar seguir
Nem sempre juntos.

A beleza do regozijo,
Da felicidade vivida,
Da verdade cultivada,
Do cuidado e do carinho
Das palavras desmedidas.
O cotidiano partilhado
Transparente e oculto,
Nos suspiros, no silêncio.

Sentir, a doçura da despedida
Necessária, aceita,
Mesmo sem ser.
Transcender, cada memória,
Cada palavra dita,
Cada gesto fortuito,
Cada segredo desvelado
Cada vã promessa
Plena de sentido.

A despedida,
O ato mais sincero
Do que fora verdadeiro
Dar fim a uma sangria
Que fez pulsar
O medo de morrer.
Eis a maior declaração
De humildade
Mantendo o que já fora luz
Vida e movimento.

E assim,
Não permitir
Que todo o vivido
Curto ou longo se esvaia
Como quem morre sozinho.